Amor ou ilusão - 20
Era Segunda feira eu já tinha planejado na noite anterior de ir a Dois Irmãos em busca de respostas com Alice e Joshua. O namorado de Alice aguardou a Imobiliária abrir e ligou para la procurando por Alexandre e conforme esperado disseram que ele estava na sede e com essa informação seguimos para a cidade vizinha. Com uma pesquisa rápida já realizada anteriormente não foi difícil encontrar a sede da imobiliária e la perto uma padaria onde eu fui atrás de informações, Alice e Joshua foram a imobiliária também em busca de algo para irmos atrás de Alexandre, o dono da imobiliária, enfim saber se estavam mesmo juntos ou não.
Pensei que seria mais complicado, mas para minha surpresa foi bem fácil conseguir o endereço de Eustáquio o dono da Imobiliária e seu jovem amado Alexandre que ao que parece não escondiam de ninguém seu relacionamento ali naquele local. Eu era feito de trouxa as claras e apenas eu não via, seria por isso que dizem que o amor é cego? Seria eu tão ingênuo enquanto que Alexandre tão confiante que pensou que eu nunca iria atrás de alguma informação sua? Talvez eu confiei demais, mas quem não confiaria naquele sorriso, naquelas palavras que pareciam tão firmes e sinceras? Quem sai em busca dos rastros do namorado em outras cidades investigando seu passado? Talvez isso me sirva de lição e passe a fazer daqui para frente... em meio a esse meu devaneio de perguntas e afirmações que eu fazia a mim mesmo o carro de Joshua parou em frente a uma casa, sem muro na frente apenas um gramado, uma garagem uma trilha de pedras ia ate a porta, arbustos baixos limitavam o terreno. Eu suava, tremia um pouco, ao mesmo tempo que parecia decidido em querer confirmar o que já tinha sido dito por Angelo, pelas atendentes da padaria e da imobiliária eu tinha medo, pois sabia que o mundo encantado e perfeito que eu tinha criado em minha mente definitivamente se ruiria naquele momento.
Abri a porta do carro, Alice queria ir junto, mas pedi que aguardasse no carro. Pedi para Joshua seguir com o carro ate um pouco mais a frente e parar do outro lado da rua enquanto que eu seguia em frente pelo caminho de pedras que era de apenas alguns metros, mas que pareceram quilômetros de dúvidas, medos , receios. Apertei a campainha e aguardei.
_ Quem é meu bem?
Uma voz rouca bem baixo se ouve la de dentro. Na hora me vem a memória a descrição da voz do patrão/marido descrito por Angelo.
_ Calma meu bem ja vou atender.
Diz Alexandre abrindo a porta ficando branco feito cera ao me ver na porta.
_ "Meu bem"? Como você é carinhoso com seu patrão, é regra aqui em Dois Irmãos?
_ Fla... Flavio, calma!
Gagueija Alexandre tentando explicar.
_ Meu bem, quem é? É para mim?
Insiste a voz la de dentro enquanto Alexandre responde fechando a porta nas suas costas saindo de casa.
_ Não é nada meu bem, eu resolvo!
Responde com um grito Alexandre. Sabe quando seu corpo quer chorar, mas sua mente quer que você seja forte? Quando parece que você esta com um no na garganta que ate o ar mal consegue passar? Era exatamente assim que eu estava. Não sei como, mas com os olhos ardendo marejados as palavras sairam de minha boca:
_ Nada? Escolha certa de palavras, pois se é isso que eu sou, que eu sempre fui pra você é exatamente isso que você sera daqui pra frente para mim, um NADA!
_ Não... Não por favor Flavio, você tem que entender, deixa eu te explicar, eu conto tudo para você, tudo!
Tremendo com os olhos mareados Alexandre tenta segurar meu braço, mas sou mais rápido e não deixo que ele toque em mim estava sentindo muita raiva muito nojo dele naquele momento. Alexandre coloca as palmas das mãos juntas em frente a boca e implora meu perdão, suplica para que eu entre no carro e o escute.
_ Quer me tirar daqui? Porque? Tem mais trouxa que nem eu aqui também que não pode saber que você é gigolô de velho?
_ Não, não é isso, eu não sou gigolô! Você entendeu tudo errado, vem entra no carro que eu te explico tudo.
_ Meu bem!
Grita novamente a voz rouca la de dentro.
_ Mas o que é caralho! Eu ja falei que estou resolvendo uma coisa aqui ja vou porra!
Grita furioso Alexandre.
_ Ao menos nisso o Angelo estava certo e quanto ao caso de vocês dois? Também estava me traindo com ele? Porque?
_ Claro que não meu amor, eu nunca ficaria com o Angelo ele nem é de longe meu tipo. Eu so o beijei para você se afastar dele. Peço desculpas, mas eu estava encurralado, sem saída, ele estava me pressionando a te contar e eu precisava mais de tempo.
_ Não é so o beijo, eu encontrei a pulseira dele na frente do seu carro Alexandre.
_ Provavelmente foi de quando ele tentou me coagir eu segurei no braço dele, mas juro foi so isso. Eu so queria assusta lo para me deixar em paz.
Ouvimos uma tosse e engasgo, alguém la dentro da casa provavelmente o enfermeiro que Angelo havia visto no shopping, tenta acalmar o velho.
_ Agora essa! Me aguarde rapidinho, ja volto e vamos conversar em um lugar mais calmo.
Diz Alexandre abrindo a porta.
_ Por mim nem precisa voltar, esta tudo acabado entre a gente Alexandre! Segue sua vida que eu sigo com a minha, não me procure mais!
_ Não! Flavio, Flavio!
Alexandre vem correndo tentando pegar em meu braço, mas eu não deixo, mais tosse vindo la de dentro Alexandre para olha para a casa olha para mim e corre para dentro da casa. Encontro com Alice do outro lado da rua e choro inconsolavelmente abraçando minha amiga.
Não perdemos mais tempo naquela cidade e voltamos para Dois corações. Joshua para em frente ao meu condomínio e eu desço ela quer vir junto, mas digo a ela para ir aproveitar o resto do dia com seu namorado agradeço a força, a ida ate a outra cidade e digo que ficarei bem que preciso ficar um pouco sozinho, para pensar, refletir colocar as coisas no lugar.
Entro em meu apartamento e tudo me lembra ele. O sofá onde eu me sentava e deitava em seu peito para ver tv enquanto ele me fazia cafune. A cozinha onde ele cozinhava so de cueca sempre com seu sorriso me perguntava se eu estava sentindo o cheirinho. O banheiro onde tomávamos banho juntos e transavamos sob a agua. O quarto... A o quarto... o que dizer sobre aquele quarto que foi o cenário de vários momentos do que eu pensava ser amor, de juras e promessas, de carinhos e caricias trocadas, de muito amor e tesão, suor, risos, gemidos.
O cheiro dele estava nos lençóis, nos travesseiros, ainda tinham coisas dele espalhadas por todo o apartamento, roupas perfumes, escova, chinelos, documentos da imobiliária, vários pertences. Comecei a recolher tudo ia colocando em sacolas e juntando em um canto depois reuni tudo na sala com a intenção de enviar tudo para a imobiliária ou talvez para a casa dele com o amante ou melhor com o marido afinal nessa história o amante fui eu.
Pego meu celular ligo e inúmeras mensagens e ligações de Alexandre, bloqueio seu numero. Uma ligação e uma mensagem de voz de um numero desconhecido, seria ele de outro numero? Pensei em apenas excluir, mas resolvi verificar antes era minha mãe eu estava ouvindo a mensagem quando ouço a porta do meu apartamento ser violentamente batida repetidas vezes.
_ Flaviooooo!!! Atende, eu sei que você esta ai!
Era a voz de Alexandre que me chamava e batia repetidas vezes na porta.
_ Eu não vou sair daqui ate você me atender! Flaviooooo!!!!!1
Grita novamente meu ex namorado.Abri a porta e la estava ele com a camisa com botões abertos, descabelado, arfando tentou me abraçar, entrar mas não permiti nenhuma das duas coisas. Alexandre então afastou um pouco da porta com as mãos juntas diante da boca implora novamente para que eu o escute.
_ Por favor Flavio deixa eu te explicar...
_ Você teve dois anos Alexandre, dois anos para dizer tudo o que queria, explicar o que quisesse e resolveu fazer isso agora? Vai me explicar o que? Porque não queria que eu fosse a Dois irmãos? Seria por não ser segredo para ninguém de la que você e seu patrão viviam juntos maritalmente? Ou talvez me explique porque você me afastou de meu amigo, mentiu sobre ele, mas creio que isso tambem já foi explicado não é?
_ Flavio me perdoa, me perdoa Flavio eu não queria que nada disso tivesse acontecido...
_ Eu não queria que nada disso tivesse acontecido Alexandre! Eu não queria! Eu estava aqui no meu canto, vivendo minha vida pacata e você do nada surgiu e olha o que você fez! Me fez me sentir um idiota, um ingênuo, burro...
_ Não! Você não é nada disso e você sabe. Você é a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci, doce, gentil, por isso eu te amo tanto.
_ Nunca, nunca mais repita isso novamente!
Entrei em meu apartamento Alexandre veio para entrar, mas já joguei os sacos com suas coisas nele e o impedi que entrasse.
_ Tudo o que é seu esta ai, agora suma da minha vida e nunca mais, NUNCA MAIS apareça de novo na minha frente!
_ E outra coisa vou ligar agora na portaria e se algum dos porteiros deixar você subir novamente como você fez hoje sem me interfonar vou fazer uma queixa formal contra ele com o sindico e chamar a policia para você te denunciando por invasão. Tente não prejudicar mais ninguém. Quer um conselho? Pega tudo o que é seu e volte definitivamente para aquela maldita cidade de onde você nunca deveria ter saído!
Bati a porta na cara de Alexandre deitei no sofá e chorei, chorei inconsolavelmente ate dormir tentando esquecer de toda a dor que sentia.
Continua...
Autor Mrpr2