Mais uma noite agitada, rolando de um lado para o outro na cama. Suando frio, uma agonia sem fim.
Era noite uma densa neblina cobria tudo. Eu sem rumo certo, vagava pela escuridão tendo apenas a luz da lua para me guiar.
Um enorme portão aberto surge em minha frente, olho em volta e nada, resolvo me arriscar passando pelo portão. Sigo caminhando um vento gelado assopra forte e bate o portão atrás de mim, penso em voltar, mas voltar para onde? Não tenho nada a não ser o que me aguarda adiante. Continuo a seguir em frente, começo a vez luzes, ouvir um som que a medida em que sigo vai gradativamente aumentando. Reconheço a musica
"... How can you see into my eyes like open doors
Leading you down into my core
Where I've become so numb without a soul
My spirit sleeping somewhere cold
Until you find it there and lead it back home..."
Era "Bring me to life" da banda Evanescence. Estava frio e neblina que havia se dissipado um pouco pelo vento voltava a tomar conta do lugar, mesmo assim agora eu podia ver melhor. Cruzes, lapides, anjos, velas, eu estava em um cemitério e as luzes que eu havia visto eram das velas nos túmulos.
Escuto um uivo, começo a andar mais rápido, ouço barulhos que não consigo identificar de onde vem ou o que são e sinceramente não pretendo descobrir, corro. Feito um louco vou correndo entre as lapides, jazigos e capelas até tropeçar e cair. Percebo alguém ou alguma coisa se aproximar, sem me levantar tento escapar, mas "aquilo" me persegue fico angustiado quero sair dali, a musica se intensifica, meu corpo treme, o ar me falta o desespero toma conta do meu corpo então sinto minha perna ser agarrada grito com toda força e ar que ainda me resta em meus pulmões fazendo meu grito ecoar pelo cemitério.
_ Calma sou eu, eu vim te ajudar!
Escuto aquela voz impossível de não reconhecer. Me acalmando me viro deitado no chão e vejo ali em pe em minha frente iluminado pela luz da lua.
_ Davi! Davi é você?
Pergunto, me levando e já o abraço laçando forte seu pescoço com os braços com meus olhos lagrimejantes, meu corpo ainda treme, mas só de sentir a presença, o cheiro dele, do Davi, do meu Davi já me sinto muito mais calmo.
_ Sim sou eu, não poderia te deixar sozinho em uma hora como essa.
Diz Davi acariciando meus cabelos. O solto e ficando frente a frente com ele, Davi limpa as lagrimas que escorrem de meus olhos e carinhosamente me diz.
_ Não precisa chorar mais, estou aqui e ficarei sempre ao seu lado.
Mais lindo do que nunca Davi estava ali e o melhor, estava ali por mim, vestindo apenas uma calça jeans surrada com sua pele clara iluminada pela luz da lua e adornada por suas inúmeras tatuagens que eu conhecia de cor cada uma delas, seus longos cabelos ondulados dourados escorrendo até um pouco abaixo dos ombros e seus olhos... bom os olhos de Davi eram mel, porem naquele momento estavam um tanto avermelhados, brilhantes, mas Davi nunca foi um exemplo de bom samaritano... enfim.
Eu estava ali de pe em frente a Davi me recuperando daqueles momentos tensos quando vejo seus lindos olhos cada vez mais próximos dos meus, seus lábios finos se abrindo se aproximando ate tocarem os meus.
_ Davi...
Tento contestar afinal nós somos apenas... que se foda! O beijo de volta, meu coração volta a acelerar, mas agora é de alegria, de prazer. Davi retira minha camiseta, meu corpo se arrepia, não mais pelo freio, mas pelo toque de meu amado, beijo aqueles traços pintados na pele daquele roqueiro, vamos andando eu de costas deixando ser conduzido por aquele homem ate eu encostar em algo, ele me levanta e me senta em algo frio de pedra abro minhas pernas e ele se encaixa em mim entre elas e ficamos assim nos beijando e nos acariciando. Davi coloca a mão no meu peito e vai me deitando quando repouso minha cabeça vejo um enorme anjo esculpido de pedra de braços abertos. Me ajeito sobre aquela "pedra" friaços e Davi vem por cima de mim, seus beijos cada vez mais intensos principalmente em meu pescoço, apesar de bom, começava a doer um pouco.
_ Calma Davi, mais devagar, assim vai me machucar.
_ Fique tranquilo, não vou te machucar
_ Tudo bem mas, mais devagar.
_ Perdemos muito tempo, agora estamos livres.
_ Eu sei mas...
_ Eu te amo!
_ Fico ate sem saber o que responder, nunca pensei que um dia eu ouviria aquelas palavras saírem da boca de Davi.
Davi continua, então desabotoa minha calça, beija meu peito e vai descendo ate meu umbigo me deixando mole, a sua mercê então volta me da um selinho na boca vira lentamente meu rosto de lado e....
_ Haaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Davi me morde o pescoço, grito de dor, de medo, de raiva.
_ Não confia em mim?
Pergunta Davi com a boca suja de sangue e antes que eu poça responder ou me defender ele volta a me morder.
..."Wake me up inside
(I can't wake up) Wake me up inside
(Save me) Call my name and save me from the dark
(Wake me up) Bid my blood to run
(I can't wake up) Before I come undone
(Save me) Save me from the nothing I've become
Bring me to life (I've been living a lie, there's nothing inside)
Bring me to life"...
Tocava agora alto forte, sinto um tremor a lapide começa a se partir eu caio de um lado e Davi do outro e do meio surge alguém, algo, gritando, xingando, grunhindo, meu nome, palavrões e ofensas. Era meu pai branco feito cera, de terno, rasgado, sujo, ainda com algumas flores murchas grudadas em seu terno, cuspindo, babando esbravejando de raiva raiva, começa a correr atrás de mim.
Volto a correr, sangrando, sentindo frio, medo, com meu pai morto correndo atrás de mim e quando olho para frente parado me olhando com uma cara de predador olhando para sua caça Davi com a boca suja de sangue, meu sangue.
Corri, corri o mais rápido que pude até tropeçar e cair, tentava fugir então sentia mãos saindo do chão, me agarrar, me tocar...
_ Haaaaaaaa!!!!!!!
Acordo todo suado gritando. Coloco a mão no rosto limpo o suor, respiro fundo me dou alguns segundos e me levanto.
_ Aconteceu alguma coisa?
Me pergunta abrindo a porta de seu quarto Davi.
_ Não, nada só um pesadelo.
_ pesadelo de novo? Vem, vem aqui.
_ Não Davi, tenho que ir para a faculdade, aliás você também.
_ Relaxa moleque esta pensando demais, sabe o que você precisa...
Foi so alguns segundos, mas mil coisas passaram pela minha cabeça vendo aquele corpo tatuado semi despido em minha frente, o que eu queria de fato era que ele me puxasse para dentro daquele quarto e fizéssemos muito sexo, mas em vez disto.
_ Esta precisando é de sexo! Deixar isso tudo guardado ai dentro não rola garoto, tem que por pra fora! Se liga no que eu estou te dizendo.
Disse Davi bagunçando ainda mais meus cabelos.
_ Estou precisando é de um banho isso sim! E você também! Tem quantos dias que não toma banho Davi?
_ Isso é cheiro de Homem, de macho!
_ Ta mais para gamba morto isso sim! E esse quarto? Davi!!!!!
_ Há vá tomar seu banho Dona Zulmira 2!
Na faculdade encontro com Luci .
_ E ai Edu? Está com uma cara péssima é por conta do seu pai?
_ È e não é.
_ Como assim.
_ Estou tendo pesadelos com ele virando zumbi e vindo atrás de mim.
_ Ai credo garoto! Ta vendo? Eu falo para você parar de ficar ouvindo essas músicas esquisitas ai.
_ Não tem nada haver Luci, vai me dizer que você é daquelas que acha que rock é tudo metal pesado? Legião, Skank, "Guns", "Red hot", existem várias bandas que tocam músicas que são rock e que muita gente curte inclusive você eu já ouvi escutando, uma garota linda e culta como você não deveria ficar repetindo esta afirmações errôneas.
_ Hummmm gatou hem?
_ E para te provar o quanto você esta errada sobre a cultura do rock te convido para ir ao "Pub Facu" no sábado agora.
_ Aquele bar de frente a faculdade?
_ Esse mesmo, o Davi o cara com quem eu divido apartamento vai tocar la hoje.
_ E ele vai cantar o que?
_ Pagode! Claro que é rock ne Luci!
_ Não garoto eu sei, estou perguntando o estilo.
_ A banda dele é bem eclética, percorre as várias linhas do rock, mas a maioria das músicas são anos 80, 90 internacional é bem massa, você vai curtir prometo.
Era sábado a noite durante a semana tinha falado com Luci sobre Davi e então a convenci de ir comigo vê lo tocar e la estávamos nos sentados em uma mesa aguardando o show começar. Luci era negra, linda com seu cabelo afro armado bem arrumado com uma flor fazendo um charme de lado, unhas grandes pintadas com uma cor escura, vestia um vestido que valorizava o contorno do seu corpo sem ser vulgar.
O show começou e Davi estava lindo no palco, não me cansava de ver e ouvi lo tocar guitarra e Luci também estava como que hipnotizada sem perder um detalhe se quer e confesso que seu jeito de olhar para ele principalmente por ser recíproco, pois Davi também não tirava os olhos dela la do palco me deixava com uma fincadinha de ciúmes.
Depois do show Davi veio para nossa mesa, mas depois de alguns minutos percebi que eu estava sobrando dei uma desculpa que acho que nem foi ouvida e fui me sentar em um banco de frente para o bar.
_ Não sabia que gostava de rock?
Ouvi uma voz um tanto familiar vindo de trás do balcão quando virei para frente vi George. Branco, óculos, uma camiseta da Led Zeppelin, cabelo curtinho social, ele estudava comigo.
_ Sou bem eclético com música, eu é que não sabia que você trabalhava aqui.
_ Ainda estou de experiência nem peguei o uniforme ainda.
_ Hum Zeppelin nunca imaginei que você curtisse esse som ou é so por estar trabalhando aqui?
_ Nunca julgue um livro pela capa! Vou atender um cliente e já volto.
Depois de atender alguns clientes George voltou
_ Então eu nasci ouvindo rock meus pais adoravam, tanto que meu nome é em homenagem ao George Harrison guitarrista dos...
_ Beatles!
Dizemos juntos caindo na risada.
_ Claro, claro só percebi isso agora.
_ O meu também é uma homenagem aquela música " Eduardo e Mônica" do Legião, minha mãe ama essa música.
_ A minha também! Já volto, mas antes tem algum pedido?
_ Ainda estou pensando em algo.
_ Posso sugerir?
_ Não sendo cerveja, nem algo muito forte.
_ Confie em mim, você vai curtir.
Depois de alguns minutos volta George com um drink na mão muito gostoso por sinal ficou feliz por eu ter gostado e acabou festejando colocando a língua para fora e fazendo gestos de roqueiro com as mãos e balançando a cabeça me fazendo rir.
_ Esta faltando um pouco de cabelo ai.
_ Infelizmente tive que cortar, mas eu tinha uma cabeleira fera.
_ Não acredito, não consigo te imaginar de cabelo grande, mas porque cortou?
_ kkk Já vi que você é daqueles que so acredita vendo hem? Então deixa eu te provar.
George pegou o celular e acessou uma rede social onde tinha várias fotos dele cabeludo, com vários pôsteres de rock em shows. E claro acabei adicionando ele a minha lista de amigos desta rede social. Por incrível que pareça essa era a primeira vez que tínhamos uma conversa que não fosse a respeito da aula, na verdade era a nossa primeira conversa que levava mais de cinco minutos.
_ Cara você virou outra pessoa!
_ Mudei para melhor ou pior?
_ Há sei la... diferente.
_ Haaa não vale! Kkkk
_ Mas porque cortou?
_ Uma brincadeira, Estávamos no fim de ano reunidos em casa jogando truco quando meus primos disseram para apostarmos, minha avó protestou e não permitiu apostarmos dinheiro dizendo que esse tipo de coisa afasta a família. Então meus primos, que aliás sempre implicaram com meu cabelo disseram que se eu e meu irmão perdêssemos deveríamos raspar a cabeça e se eles perdessem iriam deixar o cabelo deles crescer por um ano. E o resultado você já sabe.
Eu estava bem, estava me divertindo ouvindo as histórias de George, mas então olhei para o rumo da mesa onde Davi e Luci estavam sentados e os vi se beijando e o sorriso que estava em meus lábios se foi, George olhou para o mesmo lado onde eu estava olhando e disse:
_ Olha ali a Luci, pelo jeito ela também curte rock e ainda faturou o guitarrista!
_ É...
Disse eu virando de uma vez o drink que estava tomando e pedi outro.
_ Ei vai com calma, não parece, mas é bem forte isso ai hem? Algum problema?
Perguntou George.
_ Não, nenhum!
_ Estava sorridente e agora esta com uma expressão sisuda, eu disse algo que não gostou?
_ Não, não è isso... È só que estou querendo sair daqui.
_ Não esta se sentindo bem?
Perguntou George com cara de preocupado.
_ Não... só estou me sentindo sufocado sei la...
_ Bom se quiser eu te acompanho, estou com fome e aqui perto tem um lanchinho que tem um podrão da hora!
_ Conheço, o Lanchinho do Beto ne? Mas não vai te atrapalhar, já que esta de serviço?
_ Isso! Ele é minha salvação porque a essas horas por aqui não tem nada de comer aberto. Não se preocupe esta na hora do meu intervalo.
_ Então tudo bem e com relação a comida tem uns botecos com uns salgados com a cara bem duvidosa.
_ kkk, pois é nem me arrisco, vou só avisar o outro rapaz e já te encontro na saída.
_ Ok!
Olhei novamente para a mesa de Davi e Luci que estavam engatados se beijando meu coração se apertou e decidi aceitar a proposta de George. Saímos do Pub e atordoado com a situação acabei não me despedindo de Luci nem de Davi eu não queria ir ate la. Comemos o sanduiche e continuamos a conversar George e eu ate que meu celular toca:
_ Alo Edu? Onde você esta cara?
_ Estou aqui no Lanchinho do Beto com o... é... um amigo.
_ Amigo? Que amigo Edu? Estou indo ai!
Ao fundo ouvi Luci perguntando se Davi iria leva la para casa.
_ Davi não precisa eu vou de mototaxi ou a pe mesmo é pertinho, leva a Luci para casa que já esta tarde.
Então George me fez sinal e disse que me levaria de carro.
_ De jeito nenhum que você vai a pé para casa, eu passo ai te pego, levamos a Luci para casa e de lá vamos embora.
_ Não precisa serio, meu amigo vai me levar ele esta de carro,
_ Tem certeza?
_ Tenho pode ir.
_ Ok então tchau.
Desliguei o celular pagamos o sanduiche e fomos para o carro.
_ E esse Davi é seu...
Perguntou George enquanto me levava para meu apartamento.
_ Amigo! O Davi e eu somos amigos de infância e atualmente dividimos um apartamento ele é o guitarrista que estava com a Luci.
Respondi.
_ Há sim...
_ Por isso não quis ir com ele e estava sentado no bar, não queria ficar de vela.
_ Entendo, sei bem como é também estou solteiro e praticamente todo mundo que conheço esta namorando ou é casado onde eu morava e aqui como estou chegando agora conheço poucas pessoas.
_ Chato isso.
_ Mas foi bom, gostei de conversar com você.
Disse George parando o carro de frente a portaria do meu condomínio. A frase foi dita olhando bem no fundo dos meus olhos me fazendo sentir algo estranho que não sei explicar e para romper com o silencio que ficou respondi.
_ Eu também! Obrigado pela companhia e espero não ter te atrapalhado no trabalho.
Disse eu já pegando na maçaneta da porta e já tinha colocado um pe para fora quando George me chama.
_ Eduardo...
_ Sim?
Pergunto virando meu rosto para ele.
_ Foi muito bom ter sua companhia espero que se repita!
Disse George me dando um beijo no rosto de um lado e quando foi me dar do outro lado acabou pegando no cantinho de minha boca.
Fingi que nada tinha acontecido sorri e disse:
_ Claro estou sempre la no Pub, vai ate se enjoar de me ver la e na faculdade. Boa noite e ate segunda!
_ Enjoar de te ver? Eu duvido!
E assim sai do carro, cumprimentei seu George na portaria e subi para meu apartamento.
Continua...
Autor: Mrpr2